Rede realizou exposições de mapas e organizou e participou de debates sobre a relevância de se entender as transformações que ocorrem no território para promover mitigação, adaptação e resiliência às mudanças do clima

12 de dezembro de 2025

Na COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima em Belém, que aconteceu de 10 a 21 de novembro (com os acordos finais saindo em 22 de novembro), o MapBiomas promoveu uma série de atividades que destacaram a relevância do uso de dados e mapas de territórios para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. 

Entre as ações realizadas pela rede em Belém estão exposição de mapas sobre o uso e cobertura da terra nos biomas brasileiros, conversas com especialistas à bordo de uma embarcação que navegou pelas águas da região beleense e participação em debates e painéis em espaços oficiais e outros de instituições parceiras. Confira: 

Exposição de mapas dos biomas brasileiros

André Ferreti, Jorge Olavo, Julia Shimbo e Tasso

A mostra com séries históricas, mapas e imagens dos biomas do Brasil ocuparam 40 metros de espaço nos corredores da Blue Zone, o espaço oficial de negociações da COP 30. 

O objetivo foi promover uma experiência visual e evidenciar a conexão dos temas centrais da conferência, como mitigação, adaptação e resiliência, aos dados em cada bioma. 

Debate sobre crédito sustentável

Foto: Rafael Alves

No dia 13 de novembro, Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, participou do painel “Crédito sustentável: experiência MapBiomas”, ao lado de Leonardo Maranhão Busatto, diretor de Planejamento do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), e Gustavo Bastos Soares, gerente nacional de Suporte Especializado em Agronegócios do Sicoob. 

A moderação foi de Tiago Peroba, chefe do Departamento de Clientes e Relacionamento Institucional do BNDES. 

O painel destacou como os dados e mapas do MapBiomas têm sido utilizados, por exemplo, para evitar liberação de recursos e crédito para proprietários rurais com alertas de desmatamento em seus imóveis rurais. 

Mapa da Amazônia em uma embarcação

Amazônia 2030, Bemol, Centro de Empreendedorismo da Amazônia, Uma Concertação pela Amazônia realizaram a “Jornada Amazônia Viva”, em que convidados estiveram a bordo de uma embarcação e participaram de palestras e conversas. O MapBiomas apresentou a 10ª coleção de mapas anuais de cobertura e uso da terra da Amazônia apontando as transformações que ocorreram no território nos últimos 40 anos. 

Painel sobre monitoramento do uso da terra e ação climática

O principal evento do MapBiomas ocorreu no dia 19 de novembro, com a realização do painel “Monitoring land cover and land use change in the tropics to support climate action”, na sala Parnaíba da Zona Azul, um dos espaços oficiais da COP 30, com a participação de membros da rede internacional e especialistas. 

Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, explicou que monitorar e entender as transformações no setor do uso da terra é importante para um país como o Brasil. O país, que é o quinto maior emissor global de gases de efeito estufa, nesse setor a origem de 75% de suas emissões, somando desmatamento, agropecuária e outras atividades. 

“Queremos entender melhor os processos que ocorrem nos territórios para ter insights para práticas favoráveis ao clima e práticas que deveriam ser evitadas, como aquelas que provocam degradação”, afirmou Tasso. 

Segundo Tasso, 80% das mudanças no uso da terra estão acontecendo em países com florestas tropicais. Portanto, um dos objetivos da rede é gerar dados e mapas de 70% das florestas tropicais até 2030, abrangendo 20 países. 

O painel também teve a participação de Timer Manurung, do MapBiomas Indonesia, e de Nicole Moreno, do MapBiomas Peru. Ambos apresentaram a história e principais produtos da rede de seus respectivos países. 

O MapBiomas Indonésia, criado em 2018, tem entre seus mapeamentos aqueles relacionados a habitats de animais ameaçados, como orangotangos e elefantes, e mudanças que acontecem com a transferência da capital do país, de Jacarta para Nusandara, cuja construção foi iniciada em 2022.  Segundo Timer, a rede quer incentivar a criação de mais redes de monitoramento e mapeamento de uso da terra em países do Sudeste Asiático. 

O MapBiomas Peru, além do mapeamento dos biomas peruanos, têm aumentado as classes para o módulo Água, com dados sobre glaciares e lagunas formadas pelo derretimento do gelo.  Também já foram realizadas duas edições do Prêmio MapBiomas Peru, contou Nicole Moreno. 

O evento terminou com um painel com a participação de Felipe Barcelos, do IEMA/ SEEG, Paula Bernasconi, da iniciativa e aplicativo Do Pasto ao Prato, e de Joni Aswira Putra, da Sociedade de Jornalistas Ambientais da Indonésia (SIEJ), além de Timer, Nicole e Tasso, com moderação de Julia Shimbo, coordenadora científica do MapBiomas, onde foram apresentadas diferentes situações e cases de uso dos dados da rede.

Debates com diferentes setores da sociedade

Ao longo das duas semanas de COP em Belém, membros do MapBiomas participaram de diferentes debates. Ane Alencar, coordenadora do Grupo de Trabalho do Fogo da rede e diretora de Ciência do Ipam, fez parte, entre outros eventos, falou do papel da Amazônia e do Cerrado na agenda climática em um painel organizado pelo Consórcio Interestadual Amazônia Legal sobre experiências sino-brasileiras em florestas e infraestrutura. Também compartilhou informações e reflexões em um debate sobre o manejo integrado do fogo, ao lado de André Lima, secretário extraordinário de Controle dos Desmatamentos e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente e representantes de organizações e governos internacionais. 

Julia Shimbo, coordenadora Científica do MapBiomas, esteve presente em diversos painéis, incluindo um debate realizado na Cúpula dos Povos sobre crise climática, injustiça hídrica e alternativas para enfrentar o desmatamento e incêndios, no qual falou sobre a atuação do MapBiomas para mapear e mostrar as mudanças no uso e cobertura da terra.