Bioma teve redução de mais de 15% em superfície de água

O bioma Amazônia perdeu 45,2 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2020 – o que equivale a 11,6% da sua cobertura original. Os dados fazem parte do mapeamento anual de cobertura e uso da terra do bioma Amazônia no Brasil, entre 1985 a 2020, do MapBiomas. 

Segundo o levantamento, 82,1% da Amazônia está coberta por vegetação nativa, sendo que 62% das áreas florestais remanescentes do bioma estão em Áreas Protegidas. Embora o percentual de vegetação nativa pareça bom, o montante do bioma desmatado vem crescendo ano a ano, perdendo espaço para agropecuária, áreas urbanizadas e mineração. Nos últimos 36 anos, a expansão total das áreas urbanas no bioma Amazônia foi de 236.000 ha, com destaque para o Pará, que foi o estado da Amazônia com a maior expansão, 1/3 das novas áreas urbanizadas no bioma (34%).

A formação campestre e savânica, pertencentes ao bioma, também sofrem pressão e perderam território, principalmente por causa da conversão da terra para a agropecuária. “O principal vetor de mudança de vegetação nativa são a pecuária e a agricultura. Em menor proporção de área vem a urbanização, e a mineração tem impacto mais local. Essas mudanças também afetam a superfície de água.”, explica o coordenador do MapBiomas Água e pesquisador do Imazon, Carlos Souza Jr. Segundo o levantamento, entre 1985 e 2020 a expansão da mineração no bioma Amazônia foi de 134.015 ha, sendo o garimpo a maior parte dessas áreas. 

Outra informação relevante que traz o estudo é que, em 20 anos, a Amazônia perdeu mais de 19 mil km² de superfície de água, uma redução de 16,4%.  Segundo o pesquisador, a principal redução de superfície de água estava ocorrendo nas áreas de várzeas, a maioria afastadas do arco de desmatamento, o que é um indicativo de que a causa pode estar associada com o aquecimento global. “Esse é um sinal de alerta muito direto para a sociedade brasileira, em especial, aos tomadores de decisão. A redução de água afeta o abastecimento de cidades, a produção de alimentos, a geração de energia e o turismo, com consequências negativas para todos no país”, alerta Carlos Souza Júnior.

Sobre o MapBiomas

O MapBiomas é uma iniciativa multi-institucional que reúne universidades, ONGs e empresas de tecnologia que se uniram para contribuir para a compreensão das transformações do território brasileiro a partir do mapeamento anual da ocupação e uso da terra no Brasil. Em agosto de 2021, foi publicada a Coleção 6 de MapBiomas com mapas de cobertura e uso da terra do Brasil de 1985 a 2020. A ferramenta desenvolvida pela MapBiomas para todas as suas iniciativas disponibiliza informações geradas com resolução espacial de 30 metros. Os dados são processados ​​usando algoritmos de classificação automática por meio de informações na nuvem do Google Earth Engine.

Acompanhe os principais destaques do bioma Amazônia.

Baixe os infográficos dos biomas aqui

Saiba como foi o webinar sobre os dados da Coleção 6 (1985-2020) do bioma Amazônia. 

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