Segunda-Feira, 23 de Setembro de 2019. 30/08/2019

Brasil perdeu 89 milhões de hectares de vegetação natural nos últimos 34 anos.Dados de mudanças na cobertura e uso de solo no País constam de série histórica analisada pelo projeto MapBiomas; só a Amazônia perdeu 47 milhões de hectares no período.

São Paulo, agosto de 2019 – Entre os anos de 1985 e 2018, o Brasil perdeu 89 milhões de hectares devegetação  atural, uma área equivalente a quase o Estado de Mato Grosso, o terceiro maior do País em extensão. Esses dados compõem a Coleção 4.0 do projeto MapBiomas e foram apresentados nesta quinta-feira (29/08), em Brasília, durante o 4º Seminário Anual do MapBiomas – Perdas e Ganhos das Mudanças de Cobertura e Uso do Solo no Brasil. A série  histórica levantada pela Coleção 4.0 cobre um período de 34 anos com dados anuais de cobertura e uso do solo, desmatamento e regeneração nos biomas brasileiros.

Dos 89 milhões de hectares perdidos nesse período, 82 milhões de hectares referem- se a florestas naturais e outros 7 milhões de hectares são de vegetação natural não florestal. No caso específico da Amazônia, a perda foi de 47 milhões de hectares em 34 anos, mais da metade do total registrado no Brasil. A agropecuária avançou de 174 milhões de hectares para 260 milhões, um aumento de 86 milhões de hectares.


Tabela: Mudanças na Área de Cobertura e Uso do Solo entre 1985 e 2018 

Em 1985, as florestas naturais e a vegetação nativa representavam 77% de toda a cobertura e uso do solo no País, com mais 20% de ocupação pela agropecuária, 1% de áreas não vegetadas e 2% de água. Os dados de 2018 indicam que existem 66% de florestas naturais e vegetação nativa no território, 31% de áreas destinadas à agropecuária, 1% de áreas não vegetadas e 2% de água. 

Segundo o coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, os dados apresentados pela plataforma de monitoramento ajudam a compreender a evolução da ocupação do território e os impactos sobre os biomas no Brasil, sendo um importante subsidio para orientar os gestores públicos no desenvolvimento e a aplicação de políticas públicas para conservação e uso sustentável dos recursos naturais. Ele ressalta que o impacto do desmatamento, que se encontra em alta, é preocupante por conta de fatores que se complementam e afetam diretamente o clima no Brasil e do planeta.

“O desmatamento somado as queimadas gera maior emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e, ao mesmo tempo, diminui a capacidade de ocorrer o fenômeno conhecido como sequestro de carbono, que é fundamental para reduzir a concentração destes gases na atmosfera sem o qual não será possível limitar o aquecimento global abaixo de 2 o C”, diz o pesquisador. “Hoje, mais da metade das emissões brasileiras de gás carbônico provém de desmatamento”, completa.
Os dados apresentados pelo Coleção 4.0 MapBiomas traz mapas anuais de cobertura e uso do solo do Brasil com resolução de 30 metros (cada pixel representa uma área de 30 metros x 30 metros); estatísticas de cobertura e uso do solo e recortes territoriais de biomas, estados, municípios, terras indígenas, unidades de conservação, infraestrutura de transporte e energia e bacias hidrográficas; módulos de mapas e estatísticas de desmatamento/supressão e recuperação de florestas e vegetação nativa em todos os biomas do País; além de infográficos e mapa mural do Brasil e de cada bioma.
A ferramenta é pública e gratuita e pode ser acessada no http://mapbiomas.org/

O Seminário Anual do MapBiomas – Perdas e Ganhos das Mudanças de Cobertura e Uso do Solo no Brasil ainda contará com mesas sobre as novas tecnologias no monitoramento de cobertura e uso do solo e aplicações dos dados do MapBiomas. Na ocasião, também será lançado o edital da 2ª edição do Prêmio MapBiomas.