21 de março de 2025
Os dados do MapBiomas mostram também que a água antrópica cresceu 54% em relação a 1985, ou 1,5 milhão de hectares a mais. Esse ganho, porém, não reverteu a tendência geral de redução. A maior parte da superfície de água identificada em corpos antrópicos fica em biomas densamente habitados, como Mata Atlântica (1,33 milhão de hectares – 33%) e Cerrado (984 mil hectares – 24%). Além disso, pequenos reservatórios são concentrados na Caatinga (298 mil hectares – 30%) e no Pampa (197 mil hectares – 20%).
A maior perda de superfície de água se deu em corpos naturais, como rios e lagos. Embora ainda respondam por mais de três em cada quatro hectares cobertos por água no Brasil (77%), eles perderam 15%, ou 2,4 milhões de hectares a menos de superfície de água natural, na comparação com 1985. Em 2023, já havia sido identificada uma queda de 12,5% ou 2 milhões de hectares em relação a 1985. “Diversos fatores, como clima, assoreamento etc. levam a este cenário. Mas a drenagem desses corpos para reservatórios, açudes e outras estruturas também contribui para a redução da água natural”, completa.
Amazônia, Pampa e Pantanal têm predomínio de superfície de água natural, com 10 milhões de hectares, 1,5 milhão de hectares e 364 mil hectares, respectivamente. É nesses biomas que estão algumas das bacias hidrográficas que mais perderam superfície de água em relação a média histórica, como Paraguai (perda de 571 mil hectares – 43%) e Amazônica (perda de 405 mil hectares – 5%). Um quarto (25%) das bacias hidrográficas brasileiras estiveram abaixo da média histórica em 2024.
“O aumento da superfície de água no Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica derivam do crescimento da água armazenada em hidrelétricas e outros tipos de reservatórios. No caso dos biomas com maior prevalência de água natural, como a Amazônia e Pantanal, houve redução hídrica”, destaca Juliano Schirmbeck.
Dois dos três estados que mais perderam superfície de água em 2024 são do Pantanal. O ranking é liderado pelo Mato Grosso, que perdeu 291 mil hectares de superfície de água – uma queda de 34% – seguido pelo Amazonas e Mato Grosso do Sul, ambos com redução de 275 mil hectares. Como esses estados têm tamanhos bem diferentes, esse número representou uma retração de 6%, no caso do Amazonas, mas de 33%, no caso do Mato Grosso do Sul – percentual semelhante ao do outro estado pantaneiro.
Quase metade (45%, ou 2507) dos municípios brasileiros estiveram com superfície de água em 2024 abaixo da média histórica em 2024. Esse ranking é liderado por Corumbá, no Mato Grosso do Sul, que perdeu quase 260 mil hectares de superfície de água, o equivalente a 95% da perda registrada em todo esse estado. Em segundo lugar está Cáceres, no Mato Grosso, com menos 167 mil hectares (57% do total perdido nesse estado), seguida por Barcelos, no Amazonas, com menos 102 mil hectares (37% do total do estado). Corumbá foi também o município que mais perdeu superfície de água em 2024 em relação a média da série histórica: menos 54%.