Perda de vegetação natural nos últimos 39 anos foi de 15,1%

3 de setembro de 2024

O Chaco – segundo maior bioma da América do Sul, estendendo-se pela Argentina, Bolívia e Paraguai – perdeu 15,1% de vegetação natural entre 1985 e 2023. É o que mostra a nova coleção de mapas anuais de uso e cobertura da terra feita pelo MapBiomas Chaco – iniciativa colaborativa que envolve especialistas do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) e da Fundación Vida Silvestre (FVS) da Argentina, da Fundación Amigos de la Naturaleza (FAN) da Bolívia e da Associação Guyra Paraguai.  A Coleção 5 foi lançada dia 3 de setembro e está disponível gratuitamente para todos na plataforma, que oferece acesso a mapas e estatísticas detalhadas sobre a cobertura e uso da terra em nível de país, departamento, província (estado), distrito (município) e áreas protegidas.

Os dados revelam que, embora 78,7% do Gran Chaco ainda esteja coberto por vegetação natural, foi observada uma perda de 18% da vegetação lenhosa natural (árvores e arbustos) no período (entre 1985 a 2023). Isso equivale a 15,1 milhões de hectares. Nos últimos 39 anos, a vegetação lenhosa natural diminuiu de 84,3 milhões de hectares para 69,2 milhões de hectares, o que representa uma redução equivalente a 44 campos de futebol por hora. 

>> Acesse os principais destaques da Coleção 5 do MapBiomas Chaco

Apenas 9% do Gran Chaco estão em áreas protegidas, com 88% coberto por vegetação lenhosa natural. Enquanto a área de agricultura em áreas protegidas aumentou em 72,8 mil hectares – um crescimento de 450% em relação a 1985 -, foi registrada uma perda de 87,1 mil hectares de superfície de água (26%) entre 1985 e 2023 nestas áreas.

A Coleção 5 do MapBiomas Chaco mostra também que a área destinada ao uso agropecuário aumentou 254,4% desde 1985, atingindo 21,1 milhões de hectares em 2023. Nesse período, a agricultura experimentou um crescimento notável na região, com um aumento de 182% na Argentina e 789% (527 mil hectares) na Bolívia.

A Argentina foi o país que mais perdeu vegetação lenhosa natural, com 8,6 milhões de hectares. O Paraguai vem em segundo lugar, com 6,5 milhões de hectares de perda, seguido pela Bolívia, com 850 mil hectares. Na Argentina, a classe que mais cresceu foi a agricultura (6 milhões de hectares), assim como na Bolívia com 527 mil hectares de aumento de área agrícola. No Paraguai, o maior crescimento foi de áreas de pastagem, com 5,1 milhões de hectares.

“O Gran Chaco é a segunda maior formação florestal da América do Sul, depois da Amazônia, e enfrenta sérias pressões pela expansão agropecuária e degradação ambiental. O MapBiomas é uma ferramenta para a  avaliação desse processo”, afirmou José Volante, coordenador nacional do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária – INTA e integrante da equipe do MapBiomas Chaco na Argentina.

“Estes recursos serão de grande valor para os pesquisadores, autoridades, as comunidades locais e o setor privado, permitindo-lhes tomar decisões informadas sobre a gestão da terra, a conservação da biodiversidade e a mitigação das alterações climáticas”, disse Saúl Cuéllar, Gestor de Projetos da Fundação Amigos da Natureza – FAN e integrante da equipe do MapBiomas Chaco na Bolívia.

“Essa ferramenta busca estar atualizada diante dos novos desafios da gestão do território, fornecendo informações acessíveis e metodologicamente sólidas que facilitam decisões estratégicas para a sustentabilidade da região”, acrescenta Edder Ortiz, Coordenador do Componente Paisagens da Guyra Paraguai e membro da equipe MapBiomas Chaco no Paraguai.

A Coleção 5 fornece uma análise abrangente do mapeamento anual da cobertura e uso da terra no Gran Chaco, abrangendo o período de 1985 a 2023. Os mapas apresentam 18 classes mapeadas, desde vegetação natural lenhosa e herbácea até classes agrícolas e áreas sem vegetação (como áreas urbanas, praias e dunas), além de corpos d’água. Ela é baseada na análise de mais de 62 mil imagens de satélite Landsat e utiliza métodos avançados de Machine Learning com algoritmos Random Forest.

Sobre o MapBiomas Chaco

MapBiomas Chaco é uma rede colaborativa dedicada a mapear e monitorar mudanças no uso e cobertura da terra na região do Grande Chaco Americano através da análise de imagens de satélite (https://chaco.mapbiomas.org/). Abrange partes da Argentina, Bolívia e Paraguai. Esta iniciativa busca fornecer dados para a gestão territorial e conservação de um dos ecossistemas mais biodiversos e ameaçados da América Latina, por meio de mapas anuais que contam a história de como e onde ocorreram mudanças importantes entre 1985 e 2023.

Os mapas e dados produzidos pelo MapBiomas Chaco estão disponíveis de forma aberta e gratuita ao público através de sua plataforma online (https://plataforma.chaco.mapbiomas.org/), que permite realizar análises em diversas áreas de interesse, tais como: país, departamento, província, áreas protegidas, entre outras.