MapBiomas apresentou os dados da Coleção 10 na 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas

06 de outubro de 2025

Os dados para a Caatinga consolidados a partir da Coleção 10 de mapas anuais de cobertura e uso do solo do MapBiomas, abrangendo o período de 1985 a 2024, foram apresentados em um workshop realizado no dia 18 de setembro, como parte dos eventos paralelos da 3ª Conferência Internacional sobre Clima e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (ICID III), na cidade de Fortaleza (CE). 

O evento, “Workshop de Especialistas do Bioma Caatinga: Desafios e Estratégias de Conservação Frente às Mudanças Climáticas”, reuniu especialistas e pesquisadores de diferentes instituições, e começou com o lançamento de uma publicação com os destaques do mapeamento anual da cobertura do bioma e as transformações ocorridas no território nas últimas quatro décadas, com a participação de Washington Rocha (Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS), Rodrigo Vasconcelos (UEFS) e Diego Costa (MapBiomas), todos membros da equipe Caatinga da rede.

Além de mesas-redondas, o workshop teve rodas de conversa temáticas para avaliar os produtos do MapBiomas relacionados à Caatinga e discutir novas perspectivas e possibilidades para o uso dos dados. Ao final, houve uma plenária para definir recomendações estratégicas para a conservação e desenvolvimento sustentável da Caatinga, que serão compiladas em um documento. 

“Uma das principais decisões foi a criação de uma rede de pesquisadores da Caatinga. Será uma espécie de repositório de dados sobre o bioma”, conta Rocha. A ideia é que esse repositório tenha dados do MapBiomas e de contribuições de membros dessa nova rede, com ferramentas que possibilitem a intersecção de dados por pesquisadores. Os participantes da plenária também se colocaram como voluntários para a validação de dados. O próximo passo é entender como viabilizar a estrutura dessa rede. 

Repercussão dos dados sobre a Caatinga

A Coleção 10 traz uma nova classe de legenda: o mapeamento de áreas de usinas fotovoltaicas, e os dados mostram que, em 2024, dos 35,3 mil hectares mapeadas em todo o país, 21,8 mil hectares (62%) se encontram na Caatinga, especialmente no estado de Minas Gerais. A maior parte das áreas convertidas eram de formações florestais e savânicas e pastagens. 

Essa informação foi um dos aspectos que mais se destacaram junto à imprensa e a diferentes atores do setor, afirma Rocha.  Embora a geração de energia solar seja importante para a matriz energética renovável do Brasil, as usinas são uma nova forma de uso da terra, o que demanda reflexões. Para Rocha, trata-se de um novo driver que pode impactar a integridade do bioma. “À medida que esse driver se torna mais intenso, ele representa projeção de ameaça”, afirma. 

Os dados da Caatinga revelam, ainda, que o bioma, que ocupa uma área de 86,2 milhões de hectares (10,1 % do território do Brasil), sofreu uma perda de 9,25 milhões de hectares de áreas naturais nos últimos 40 anos (de 1985 a 2024), o equivalente a 14% de sua cobertura original. A expansão da agropecuária foi o principal vetor de transformação.Saiba mais sobre os dados da Coleção 10 para a Caatinga here.