Mais da metade de toda a área desmatada no Brasil em 2023 ocorreu no bioma, principalmente na região do Matopiba entre Bahia, Piauí, Tocantins e Maranhão

28 de maio de 2024

A liderança do Cerrado em área de desmatamento em 2023 reflete-se em outros indicadores, de acordo com o Relatório Anual do Desmatamento 2023. É no Cerrado, por exemplo, que está o maior alerta de desmatamento do Brasil: uma área de 6.691 hectares, no município do Alto Parnaíba (MA). É também onde foi detectado o alerta com a maior velocidade média diária: 944 hectares em 8 dias, no município de Baixa Grande do Ribeiro (PI).  Mais da metade de toda a área desmatada no Brasil em 2023 ocorreu no bioma, principalmente na região do Matopiba entre Bahia, Piauí, Tocantins e Maranhão.

É no Cerrado que fica o Território Indígena (TI) com maior área desmatada no país no ano passado: Porquinhos dos Canela-Apãnjekra, com cerca de 2.750 hectares. Ao todo, foram perdidos 7.048 hectares de vegetação nativa em TIs no Cerrado, um aumento de 188% em relação a 2022. Em todo o Brasil, ao contrário, houve queda no desmatamento em TIs. 

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A mesma inversão de tendência foi constatada em territórios quilombolas (TQs) e Unidades de Conservação (UCs).  Em TQs, o aumento na área desmatada foi de 665%, com 2.555 hectares. É no Cerrado que fica o TQ com maior área desmatada do país: Barra do Aroeira (1.597 hectares desmatados). A Área de Proteção Ambiental (APA) mais desmatada no Brasil em 2023 também fica no Cerrado: APA do Rio Preto, com 13.596 hectares desmatados.

Com exceção do Piauí, São Paulo e Paraná, todos os outros estados do Cerrado registraram aumento do desmatamento em 2023 na comparação com 2022. No caso do Maranhão, Tocantins, Goiás, Pará e Distrito Federal, a área desmatada mais do que dobrou.  

São Desidério (BA) lidera o ranking dos municípios que mais desmataram no país em 2023, com 40.052 hectares. No ano passado, 70% dos municípios do Cerrado registraram pelo menos um evento de desmatamento. 

“O Cerrado, que já perdeu mais da metade de sua vegetação nativa, passou a ser o protagonista do desmatamento no país, o que torna essa condição ainda mais preocupante”, ressalta Ane Alencar, coordenadora do MapBiomas Cerrado e Diretora de Ciência do IPAM.

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Redução do desmatamento em Áreas Protegidas

Em 2023, 20.822 hectares de vegetação nativa dentro de Terras Indígenas (TIs) foram suprimidos, o que representa 1,1% de todo o desmatamento no ano. Foi uma redução de mais de 27% no desmatamento em TIs em relação a 2022. 

Foram perdidos 96.761 hectares de vegetação nativa dentro de Unidades de Conservação (UCs) em 2023, o que representa uma redução de 53,5% em relação a 2022.  Em UCs de Proteção Integral, a redução foi de 72,3%. A maior perda de vegetação nativa em UCs ocorreu em APAs Estaduais no Cerrado, totalizando 41.934 hectares desmatados.