Este é o resultado da coleção de mapas anuais de cobertura e uso da terra entre 1998 e 2022 gerados pelo MapBiomas Argentina

Nos últimos 25 anos, 7,6 milhões de hectares de vegetação natural, incluindo árvores e arbustos (lenhosos) e pastagens, foram perdidos na Argentina, concentrados principalmente no norte do país, nas províncias de Santiago del Estero, Salta, Chaco e Formosa, o equivalente a três vezes a província de Tucumán. Esses dados foram revelados a partir da coleção 1 de mapas anuais de cobertura e uso da terra entre 1998 e 2022, gerados gratuitamente e disponíveis publicamente pelo MapBiomas Argentina em seu recente lançamento.

A plataforma oferece uma visão sem precedentes do território argentino em um contexto de vulnerabilidade climática ligada a secas e inundações em diferentes regiões do país. Reúne informações sobre a cobertura e o uso da terra no país, levantando áreas de vegetação lenhosa natural, corpos d’água, campos, estepes, florestas e áreas de agricultura e pastagem, entre outros. Fornece informações essenciais para pesquisa e contribuição para o desenvolvimento sustentável do país. Melhorará a gestão e o monitoramento dos recursos naturais, fornecendo suporte sólido para o planejamento territorial e estratégias para a conservação da natureza e sua biodiversidade.

A iniciativa é uma colaboração de especialistas em sensoriamento remoto e recursos naturais de institutos de pesquisa e organizações da sociedade civil que, por meio do processamento de imagens de satélite, geraram essa primeira coleção de 25 mapas anuais com 15 classes de cobertura e uso da terra. “A metodologia do MapBiomas propõe um trabalho cíclico, em cada coleção há um processo de aprendizagem que é incorporado pela equipe para que os próximos mapas sejam melhores e acrescentem novos desafios”, diz Ana Eljall.

Alguns dos dados extraídos da Coleção 1, “MapBiomas Argentina: Construindo uma rede colaborativa para mapeamento de cobertura e uso da terra (1998-2022)”, revelam que:

  • A vegetação natural representa 70% do país, sendo que 28% são florestas fechadas e abertas (79 Mha). O componente lenhoso inclui árvores e arbustos que podem ser encontrados distribuídos de forma mais ou menos concentrada na paisagem.
  • A perda de áreas florestais fechadas concentrou-se no norte do país, nas províncias de Santiago del Estero (2,1 Mha), Salta (1,5 Mha) e Chaco (870 mil ha).
  • As classes de uso antrópico, como agricultura, pecuária e plantações florestais, cobrem 55,5 Mha, o equivalente a duas vezes o tamanho da província de Buenos Aires.
  • Entre 1998 e 2022, a área agrícola aumentou em 5,2 Mha e as pastagens em 1,4 Mha, enquanto as plantações florestais aumentaram em 37%.
  • 97% da Patagônia é vegetação natural e área não vegetada (80,5 Mha). Em nível local, podemos observar padrões interessantes, como o desaparecimento do Lago Colhue Huapi e a perda das florestas da Patagônia.

Duas das principais novidades que o MapBiomas traz como uma rede em cada país membro é a geração de informações metodologicamente sólidas e disponíveis gratuitamente e o trabalho coletivo de profissionais de diferentes instituições cujo compromisso é gerar informações para o bem comum”, diz Mayra Milkovic, Secretária da Rede Global MapBiomas.

Informações sobre as regiões

Na região noroeste (NOA) – Jujuy, Salta, Tucumán, Catamarca e Santiago del Estero; a mudança mais significativa foi a diminuição da classe de madeira fechada em Santiago del Estero (2,1 Mha). Desde 1998, cerca de 10% da vegetação natural da região foi perdida (3,6 Mha). Enquanto isso, a área agrícola aumentou em 16% (7,5 Mha).

No Nordeste (NEA) – Chaco, Formosa, Corrientes e Misiones; a província com o maior aumento de terras agrícolas foi Formosa, com um aumento notável de pastagens. lAs plantações florestais em Misiones aumentaram em 50% (100.000 ha). Em termos de perda, o Chaco perdeu 15% de sua cobertura natural de madeira fechada, enquanto em Corrientes a perda foi de 8% de suas pastagens (281.000 ha).

A região CENTRAL – Buenos Aires, La Pampa, Córdoba, Santa Fé e Entre Ríos – é a região em que metade de sua superfície (39 Mha) já estava em uso agrícola no início do período analisado. No entanto, metade da perda de pastagens do país ocorreu nessa região (300.000 ha). Outra perda importante na região foi de 17% da área ocupada por águas superficiais (266.000 ha).

Em CUYO – Mendoza, San Luis, San Juan e La Rioja; a mudança mais notável foi o aumento da área agrícola concentrada nos vales irrigados, que cresceu 28% (500.000 ha) em todo o período. Em La Rioja, a área de plantações florestais aumentou em 19.000 ha, enquanto em San Luis a área agrícola atingiu 136.000 ha).

PATAGÔNIA – Neuquén, Río Negro, Chubut, Santa Cruz e Tierra del Fuego; é uma região em que grande parte de sua extensão ainda é coberta por vegetação natural e áreas sem vegetação (80,5 Mha). Entretanto, 66.000 ha de áreas de gelo e neve foram perdidos (8,2% da região). Em nível local, podemos observar padrões interessantes, como o desaparecimento do Lago Colhue Huapi e a perda das florestas da Patagônia.