Um levantamento inédito do MapBiomas sobre os territórios quilombolas no Brasil mostra que eles estão entre as áreas de menor desmatamento no país. Entre 1985 e 2022, a perda de vegetação nativa nesses territórios foi de 4,7% contra 17% em áreas privadas. Foram 240 mil hectares de supressão de vegetação nativa nesses 38 anos. Juntos, eles abrigam 3,4 milhões de hectares de vegetação nativa – 0,6% do total nacional.

Ao todo, territórios quilombolas titulados ou em processo de titulação ocupam 3,8 milhões de hectares, ou 0,5% do território nacional. São 494 Territórios Quilombolas segundo o Censo 2023 do IBGE: 30% já titulados e 70% em processo de titulação. Essa diferença reflete-se na conservação ambiental: enquanto nos territórios já titulados a perda de vegetação nativa entre 1985 e 2022 foi de 3,2%, nas áreas em processo de titulação esse percentual foi de 5,5%.  Na média, o uso antrópico ocupa 14% de sua área.  

A maioria dos territórios quilombolas (181) fica na Amazônia, seguida pela Mata Atlântica (136), Caatinga (94), Cerrado (63) e Pampa (20).  A Amazônia também lidera em termos de área: nela, os territórios quilombolas ocupam 2,5 milhões de hectares. A Mata Atlântica, que ocupa a vice-liderança em quantidade de territórios quilombolas, fica em quarto lugar a extensão total deles é analisada: 278 mil hectares. Caatinga (550 mil hectares) e Cerrado (500 mil hectares) vêm em segundo e terceiro lugar, respectivamente. No caso do Pampa, são apenas 6,5 mil hectares.

>> Cobertura de vegetação nativa nos territórios quilombolas no Brasil

A vegetação nativa dos territórios quilombolas está principalmente na Amazônia (73%), Cerrado (12%) e Caatinga (10%).Entre 1985 e 2022, os territórios quilombolas localizados na Caatinga foram os que mais perderam em área a vegetação nativa (72,6 mil hectares), seguidos por aqueles que ficam na Amazônia (58,4 mil hectares) e no Cerrado (36,7 mil hectares). Já na Mata Atlântica foi possível identificar ganho de 7,8 mil hectares de vegetação nativa nos territórios quilombolas localizados nesse bioma ameaçado, que apresenta menos de um terço coberto com vegetação nativa.

Os novos dados do MapBiomas colocam os Territórios Quilombolas na liderança da preservação da cobertura vegetal nativa no Brasil, ao lado dos Territórios Indígenas. Estes últimos ocupam 13% do território nacional, mas contêm 19% de toda vegetação nativa do país e apenas 1% da perda de vegetação nativa nas últimas três décadas se deu nestas áreas.