MapBiomas Colômbia é uma iniciativa da Gaia Amazonas, da RAISG e da Rede MapBiomas

A Colômbia é um dos 17 países megadiversos do mundo. Seus páramos, manguezais e florestas de diferentes tipos, entre outros, abrigam 10% da biodiversidade da Terra. No entanto, muitos desses biomas estão ameaçados pelo desmatamento, mineração, exploração de petróleo, projetos de infraestrutura e atividades agrícolas, bem como pelas mudanças climáticas, que afetam todo o planeta.

Nesse contexto, o MapBiomas Colômbia, um projeto liderado pela Fundação Gaia Amazonas, como parte da RAISG e da Rede MapBiomas, tem como objetivo criar uma plataforma para coleta, armazenamento, visualização e análise de dados por meio de 38 mapas de cobertura e uso da terra em todo o país, de 1985 a 2022.

As informações nessa plataforma da Web para a Colômbia mostram reduções significativas em diferentes coberturas naturais e um aumento nas atividades que causam seu declínio ao longo dos 38 anos do estudo.

Aqui estão alguns dos dados mais relevantes:

  • Em 38 anos, a Colômbia perdeu 7,5% de sua vegetação natural.
  • Durante o mesmo período, foram perdidos 4,4 milhões de hectares de floresta. Uma extensão semelhante a 27 vezes o tamanho da cidade de Bogotá.
  • As geleiras diminuíram 55,3% em comparação com as que existiam em 1985.
  • As florestas inundáveis diminuíram em 26,7 mil hectares, o equivalente a duas vezes o tamanho da cidade de Manizales.
  • A mineração aumentou 245,6% na Colômbia como um todo.
  • O cultivo de dendê cresceu 349,4 mil hectares, o equivalente a 1,8 vezes o tamanho da Cidade do México.
  • A aquicultura aumentou em 1.857%, o equivalente a 3.260 campos de futebol.
  • A área dedicada à silvicultura quadruplicou (179,4 mil hectares, equivalente a 4,7 vezes o tamanho de Medellín).
  • A infraestrutura urbana cresceu 216,6%, uma média de 4,7 mil hectares por ano.
  • As áreas agrícolas aumentaram de 20,7% para 26,1% do território colombiano. Em outras palavras, houve um aumento de 6,2 milhões de hectares.
  • 71% do território colombiano é coberto por vegetação natural.

“Queremos que o MapBiomas Colômbia seja uma plataforma que informe e influencie o planejamento territorial e a proteção da biodiversidade no país. Este lançamento é um convite para que outras organizações se juntem a nós, a partir de seu conhecimento e experiência, com o objetivo de ter um grande repositório de informações sobre a cobertura e o uso da terra, que será um insumo fundamental para os governos, em escala regional e nacional, e outros tomadores de decisão na Colômbia”, diz Silvia Gómez, Diretora Executiva da Fundação Gaia Amazonas.

Desagregando os dados por região, fica evidente que a magnitude das transformações não está distribuída igualmente. A região do Caribe sofreu as mudanças mais notáveis, com uma perda de 12,1% de sua vegetação natural, um aumento de 632,2% no cultivo de dendê, o que levou a 42,1% das plantações de dendê do país, e um aumento de 581,4% na mineração em comparação com 1985.

Por outro lado, a Amazônia perdeu a maior parte das florestas naturais (2,6 milhões de hectares, 16 vezes Bogotá), sendo que os departamentos de Caquetá (20,3%), Meta (15,5%) e Guaviare (11,5%) sofreram a maior perda. Essas foram substituídas principalmente por culturas de cobertura associadas ao uso agrícola e pecuário.

A Colômbia é o quarto país, depois do Brasil, Bolívia e Peru (Venezuela e Equador planejam lançar ainda este ano), a aderir a essa iniciativa para mapear a cobertura e a mudança no uso da terra na América do Sul, a fim de compreender a dinâmica da mudança em diferentes escalas: biomas, países e regiões. No caso colombiano, diz Adriana Rojas, coordenadora técnica do MapBiomas Colômbia, “essa primeira coleção mostra uma escala temporal e temática ampla sem precedentes, 38 anos e 20 tipos de cobertura da terra em um único produto, com uma metodologia eficiente e comparável em nível sul-americano que permite a análise transfronteiriça e a avaliação abrangente de regiões inteiras, como a Amazônia, o Orinoco e o Pacífico”.

Além de conhecer dados atualizados e, em alguns casos, até então indisponíveis sobre a cobertura do solo no país, o lançamento será uma oportunidade para se familiarizar com o funcionamento dessa plataforma, desenvolvida com a tecnologia de computação em nuvem do Google Earth Engine.