Quinta-feira, 18 de junho de 2020

Tese sobre modelagem preditiva de febre amarela e trabalho que analisou a Política de Municípios Prioritários no combate ao desmatamento na Amazônia conquistaram primeiros lugares, nas categorias Geral e Jovem, respectivamente

Elaborar uma modelagem para prevenção de febre amarela; entender se o desmatamento está sendo combatido na Amazônia ou somente deslocado; mensurar o efeito da perda de vegetação nativa nas espécies da Mata Atlântica; calcular a área disponível para implantação de usinas de energia solar em Goiás; descobrir o impacto das mudanças de uso da terra em comunidades de peixes de riacho no sul do Brasil. A diversidade de temas das cinco pesquisas vencedoras da 2ª Edição do Prêmio MapBiomas, uma parceria entre MapBiomas e Instituto Escolhas, resume a grande variedade dos 98 trabalhos inscritos.

Além do aumento do número de inscrições – mais que o triplo da primeira edição –, a grande participação de jovens cientistas chamou a atenção dos organizadores. “Dos trabalhos recebidos, 72% são de jovens com menos de 30 anos”, destacou a coordenadora científica do MapBiomas, Julia Shimbo, na cerimônia de premiação, realizada na terça-feira (16/06). Por causa da pandemia de Covid-19, o evento foi online, com transmissão no YouTube do MapBiomas. Shimbo também ressaltou o fato de 78% das inscrições serem oriundas da academia (instituições de pesquisa, universidades e institutos técnicos).

A professora Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), saudou tantos trabalhos enviados por jovens cientistas. Em uma fala contundente, ela afirmou que a sociedade precisa de “cientistas com vozes fortes”. “É muito importante que tenhamos uma geração de cientistas capazes de dar força à informação por meio das suas vozes, por meio de seus trabalhos, que possam atuar como aquilo que chamamos de vozes de autoridade; sejam imparciais, sejam capazes de explicar onde estão as incertezas nas evidências e quais são as possíveis consequências de futuras alternativas”, disse.

Para a professora da UnB, o Prêmio MapBiomas contempla dois valores fundamentais presentes no projeto MapBiomas, que nasceu em 2015: “a abertura e a transparência nos dados”. “Porque permitem que esses dados sejam reanalisados, sintetizados em outros estudos, que é exatamente o que Prêmio mostra”, afirmou Bustamante. Além da importância de uma premiação como essa no incentivo à ciência, Bustamante falou sobre o reconhecimento para as carreiras dos pesquisadores.

E foi assim que Livia dos Santos Abdalla (FIOCRUZ/IME) recebeu o primeiro lugar na Categoria Geral: “O prêmio do Mapbiomas é um dos maiores reconhecimentos da minha carreira acadêmica. É uma injeção de ânimo para eu continuar dedicando e integrando esforços pessoais e profissionais para a produção de pesquisas aplicadas aos problemas sociais e ambientais que são urgentes no nosso país”. Sua pesquisa utilizou milhares de atributos, entre eles os dados de uso da terra do MapBiomas, em uma modelagem para a previsão da emergência da febre amarela silvestre no Brasil.

O coordenador técnico do MapBiomas, Marcos Rosa, enalteceu o trabalho ganhador ressaltando o momento que vivemos. “Se preveem e se combatem epidemias com ciência e com conhecimento. Estamos em meio a uma crise e é pela ciência que conseguiremos os melhores resultados no combate à pandemia que vivemos agora”, disse.

Visibilidade e credibilidade às pesquisas

O ganhador da Categoria Jovem, João Pedro Graça Melo Vieira (PUC-Rio), afirmou que o Prêmio MapBiomas contribui “não apenas ao incentivar a pesquisa diretamente, mas ao dar visibilidade e credibilidade a ela”. “Algo que falta muito no Brasil hoje de forma geral, mas que, para jovens, é ainda mais complicado, por não existirem tantos espaços e uma estrutura de incentivo consolidada. Olhando em volta, para meus colegas de curso, vejo que capacidade e ideias não faltam para produzir e participar de prêmios como esse, caso existissem em suas áreas de interesse”, disse. Em sua pesquisa, ele analisou se as políticas de combate ao desmatamento na Amazônia têm de fato reduzido a perda de vegetação nativa ou apenas deslocado essa perda para outro bioma, o Cerrado.

A divulgação da plataforma MapBiomas, com seus dados públicos e gratuitos, também é um objetivo do prêmio. “O prêmio é importante para fomentar os dados da plataforma. A divulgação da minha menção honrosa atingiu muitos grupos de pesquisa que podem se beneficiar destes dados. A plataforma deve ser amplamente divulgada pela qualidade dos dados da série temporal e especialmente por essas informações serem de caráter público”, disse Mateus Camana (UFRGS), que recebeu Menção Honrosa na Categoria Geral, com um trabalho sobre o impacto do uso da terra em comunidades de peixes de riacho no sul do país.

O volume de trabalhos inscritos e a qualidade das apresentações dos vencedores mostraram que a 2ª Edição do Prêmio MapBiomas alcançou seus objetivos. “Somos uma rede que produz um dado primário para ser utilizado pelos outros. Por isso, surgiu a ideia de fazer o Prêmio MapBiomas. É uma oportunidade de estimular e reconhecer o trabalho de quem, utilizando esses dados e informações sobre a cobertura e uso da terra no Brasil e sua evolução, gera ciência, conhecimento e pesquisa para melhor gestão dos recursos naturais do Brasil”, afirmou o coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo.

OS VENCEDORES

Categoria Geral


1º Lugar: Livia dos Santos Abdalla (FIOCRUZ/IME) – Modelagem baseada em dados para previsão da emergência de zoonoses: um estudo de caso da Febre Amarela silvestre no Brasil

2º Lugar: Thomas Püttker et al (UNIFESP) – Indirect effects of habitat loss via habitat fragmentation: a cross-taxa analysis of forest-dependent species

Menção Honrosa: Mateus Camana et al (UFRGS) – Avaliando o legado de trajetórias do uso da terra em comunidades de peixes de riacho no sul do Brasil


Categoria Jovem

1º Lugar: João Pedro Graça Melo Vieira (PUC-Rio) – Curbing or Displacing Deforestation? The Amazon Blacklist Policy
Vídeo sobre o trabalho: 

2º Lugar: Angela Gabrielly Pires Silva (IFG) – Seleção de áreas aptas para implantação de usinas fotovoltaicas baseada em modelo de lógica Booleana-Fuzzy

Quinta-feira, 18 de junho de 2020

Tese sobre modelagem preditiva de febre amarela e trabalho que analisou a Política de Municípios Prioritários no combate ao desmatamento na Amazônia conquistaram primeiros lugares, nas categorias Geral e Jovem, respectivamente

Elaborar uma modelagem para prevenção de febre amarela; entender se o desmatamento está sendo combatido na Amazônia ou somente deslocado; mensurar o efeito da perda de vegetação nativa nas espécies da Mata Atlântica; calcular a área disponível para implantação de usinas de energia solar em Goiás; descobrir o impacto das mudanças de uso da terra em comunidades de peixes de riacho no sul do Brasil. A diversidade de temas das cinco pesquisas vencedoras da 2ª Edição do Prêmio MapBiomas, uma parceria entre MapBiomas e Instituto Escolhas, resume a grande variedade dos 98 trabalhos inscritos.

Além do aumento do número de inscrições – mais que o triplo da primeira edição –, a grande participação de jovens cientistas chamou a atenção dos organizadores. “Dos trabalhos recebidos, 72% são de jovens com menos de 30 anos”, destacou a coordenadora científica do MapBiomas, Julia Shimbo, na cerimônia de premiação, realizada na terça-feira (16/06). Por causa da pandemia de Covid-19, o evento foi online, com transmissão no YouTube do MapBiomas. Shimbo também ressaltou o fato de 78% das inscrições serem oriundas da academia (instituições de pesquisa, universidades e institutos técnicos).

A professora Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), saudou tantos trabalhos enviados por jovens cientistas. Em uma fala contundente, ela afirmou que a sociedade precisa de “cientistas com vozes fortes”. “É muito importante que tenhamos uma geração de cientistas capazes de dar força à informação por meio das suas vozes, por meio de seus trabalhos, que possam atuar como aquilo que chamamos de vozes de autoridade; sejam imparciais, sejam capazes de explicar onde estão as incertezas nas evidências e quais são as possíveis consequências de futuras alternativas”, disse.

Para a professora da UnB, o Prêmio MapBiomas contempla dois valores fundamentais presentes no projeto MapBiomas, que nasceu em 2015: “a abertura e a transparência nos dados”. “Porque permitem que esses dados sejam reanalisados, sintetizados em outros estudos, que é exatamente o que Prêmio mostra”, afirmou Bustamante. Além da importância de uma premiação como essa no incentivo à ciência, Bustamante falou sobre o reconhecimento para as carreiras dos pesquisadores.

E foi assim que Livia dos Santos Abdalla (FIOCRUZ/IME) recebeu o primeiro lugar na Categoria Geral: “O prêmio do Mapbiomas é um dos maiores reconhecimentos da minha carreira acadêmica. É uma injeção de ânimo para eu continuar dedicando e integrando esforços pessoais e profissionais para a produção de pesquisas aplicadas aos problemas sociais e ambientais que são urgentes no nosso país”. Sua pesquisa utilizou milhares de atributos, entre eles os dados de uso da terra do MapBiomas, em uma modelagem para a previsão da emergência da febre amarela silvestre no Brasil.

O coordenador técnico do MapBiomas, Marcos Rosa, enalteceu o trabalho ganhador ressaltando o momento que vivemos. “Se preveem e se combatem epidemias com ciência e com conhecimento. Estamos em meio a uma crise e é pela ciência que conseguiremos os melhores resultados no combate à pandemia que vivemos agora”, disse.

Visibilidade e credibilidade às pesquisas

O ganhador da Categoria Jovem, João Pedro Graça Melo Vieira (PUC-Rio), afirmou que o Prêmio MapBiomas contribui “não apenas ao incentivar a pesquisa diretamente, mas ao dar visibilidade e credibilidade a ela”. “Algo que falta muito no Brasil hoje de forma geral, mas que, para jovens, é ainda mais complicado, por não existirem tantos espaços e uma estrutura de incentivo consolidada. Olhando em volta, para meus colegas de curso, vejo que capacidade e ideias não faltam para produzir e participar de prêmios como esse, caso existissem em suas áreas de interesse”, disse. Em sua pesquisa, ele analisou se as políticas de combate ao desmatamento na Amazônia têm de fato reduzido a perda de vegetação nativa ou apenas deslocado essa perda para outro bioma, o Cerrado.

A divulgação da plataforma MapBiomas, com seus dados públicos e gratuitos, também é um objetivo do prêmio. “O prêmio é importante para fomentar os dados da plataforma. A divulgação da minha menção honrosa atingiu muitos grupos de pesquisa que podem se beneficiar destes dados. A plataforma deve ser amplamente divulgada pela qualidade dos dados da série temporal e especialmente por essas informações serem de caráter público”, disse Mateus Camana (UFRGS), que recebeu Menção Honrosa na Categoria Geral, com um trabalho sobre o impacto do uso da terra em comunidades de peixes de riacho no sul do país.

O volume de trabalhos inscritos e a qualidade das apresentações dos vencedores mostraram que a 2ª Edição do Prêmio MapBiomas alcançou seus objetivos. “Somos uma rede que produz um dado primário para ser utilizado pelos outros. Por isso, surgiu a ideia de fazer o Prêmio MapBiomas. É uma oportunidade de estimular e reconhecer o trabalho de quem, utilizando esses dados e informações sobre a cobertura e uso da terra no Brasil e sua evolução, gera ciência, conhecimento e pesquisa para melhor gestão dos recursos naturais do Brasil”, afirmou o coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo.

Os Vencedores

Categoria Geral


1º Lugar: Livia dos Santos Abdalla (FIOCRUZ/IME) – Modelagem baseada em dados para previsão da emergência de zoonoses: um estudo de caso da Febre Amarela silvestre no Brasil

2º Lugar: Thomas Püttker et al (UNIFESP) – Indirect effects of habitat loss via habitat fragmentation: a cross-taxa analysis of forest-dependent species

Menção Honrosa: Mateus Camana et al (UFRGS) – Avaliando o legado de trajetórias do uso da terra em comunidades de peixes de riacho no sul do Brasil


Categoria Jovem

1º Lugar: João Pedro Graça Melo Vieira (PUC-Rio) – Curbing or Displacing Deforestation? The Amazon Blacklist Policy
Vídeo sobre o trabalho: 

2º Lugar: Angela Gabrielly Pires Silva (IFG) – Seleção de áreas aptas para implantação de usinas fotovoltaicas baseada em modelo de lógica Booleana-Fuzzy

2ª EDIÇÃO DO PRÊMIO MAPBIOMAS EM NÚMEROS

  • 98 trabalhos inscritos
  • 72% de inscritos por jovens com menos de 30 anos
  • 78% de oriundos instituições acadêmicas (universidades, entidades de pesquisas, institutos técnicos)
  • 16 estados e o DF representados entre os inscritos (maior volume do Paraná e de São Paulo)
  • 42% dos trabalhos com temas/áreas de conhecimento ligados a uso da terra/sensoriamento remoto e conservação (outros temas: planejamento territorial, infraestrutura, água, biodiversidade, fogo, educação, pesca, turismo etc)
  • R$ 25 mil em prêmios

Saiba mais sobre Prêmio MapBiomas: mapbiomas.org/premio

Sobre o MapBiomas: iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e uso da terra no Brasil. Site: mapbiomas.org

Contato: contato@mapbiomas.org

2ª EDIÇÃO DO PRÊMIO MAPBIOMAS EM NÚMEROS

  • 98 trabalhos inscritos
  • 72% de inscritos por jovens com menos de 30 anos
  • 78% de oriundos instituições acadêmicas (universidades, entidades de pesquisas, institutos técnicos)
  • 16 estados e o DF representados entre os inscritos (maior volume do Paraná e de São Paulo)
  • 42% dos trabalhos com temas/áreas de conhecimento ligados a uso da terra/sensoriamento remoto e conservação (outros temas: planejamento territorial, infraestrutura, água, biodiversidade, fogo, educação, pesca, turismo etc)
  • R$ 25 mil em prêmios

Saiba mais sobre Prêmio MapBiomas: mapbiomas.org/premio

Sobre o MapBiomas: iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e uso da terra no Brasil. Site: mapbiomas.org

Contato: contato@mapbiomas.org